Como o capital pode contribuir para o impacto positivo?

Em 2023 a Sitawi completa 15 anos no desenvolvimento de mecanismos e soluções financeiras que impulsionam a transformação social e ambiental do país. Para fortalecer ainda mais essa jornada e ampliar os debates sobre as Finanças do Bem, realizamos o nosso primeiro Conexão Sitawi em setembro, um evento que reuniu diversas pessoas e especialistas para promover diálogos sobre o ecossistema de impacto socioambiental positivo.

O evento contou com patrocínio do Instituto Sabin, Fundo Vale e Instituto Coca-Cola Brasil.

“Precisamos de coragem para renovação”

A abertura do dia contou com a apresentação do nosso CEO, Leonardo Letelier, com a reflexão: “Que futuro queremos?”. Ao longo do evento, foram discutidas abordagens e soluções financeiras em três eixos temáticos: Investimento de Impacto, Filantropia e Finanças de Conservação e Clima. 

A mesa sobre Investimento de Impacto contou com a participação de Adriana Barbosa, CEO da Pretahub, Liz Lacerda, responsável por Fomento e Parcerias no Fundo Vale, Gabriel Cardoso, Gerente Executivo do Instituto Sabin, e foi moderada pelo nosso Diretor Vice-Presidente, Bruno Girardi.

A principal reflexão do debate girou em torno da necessidade de transformar o ecossistema financeiro como um meio para superar as desigualdades raciais e geográficas existentes. “Para furar a bolha: a gente precisa ampliar o campo, trazer mais vozes, mais insumos diferentes. Precisamos de coragem para renovação do nosso ecossistema”, afirma Adriana Barbosa. 

Representando o Fundo Vale, Liz Lacerda ressalta a importância da diversificação do portfólio para a organização, tanto para qualificar o risco e retorno, tanto para alcançar cada vez mais negócios espalhados pelo Brasil. 

Gabriel Cardoso endossa a conversa, ressaltando a importância da descentralização do ecossistema financeiro, especialmente fora do tradicional eixo Rio-São Paulo. Além disso, Cardoso salientou que a colaboração no ecossistema financeiro é um desafio, afirmando: “Precisamos encontrar uma forma de trabalhar juntos e conscientizar que o impacto não é algo que se alcança a curto prazo”.

Os diferentes tipos de filantropia em pauta

O painel de Filantropia contou com a participação de Aline Odara, Diretora Executiva do Fundo Agbara, Daniela Redondo, Diretora Executiva do Instituto Coca-Cola Brasil, e Fabio Deboni, Diretor de Programas da Alliance Bioversity-CIAT, com moderação de Silvia Daskal, Gerente Sênior de Parcerias e Relacionamento da Sitawi.

Aline Odara trouxe reflexões essenciais sobre a filantropia negra no Brasil. Ela ressaltou: “Precisamos repensar a filantropia negra, as mulheres negras sempre estiveram à frente, sempre pensaram em soluções no território que vivem. Estamos tomando proporção do nosso trabalho e da nossa importância”.

Um dos tópicos discutidos foi, também, a mobilização de recursos junto a grandes corporações. Para Daniela Redondo, “o papel das instituições empresariais reside no diálogo e na capacidade de mobilizar recursos.”

Fábio Deboni trouxe uma perspectiva da filantropia internacional para o debate, observando que o acesso a este capital tende a ser mais lento e burocrático. Ele mencionou que, embora tenha havido alguma flexibilização durante a pandemia, as condições retornaram ao que eram anteriormente.

Ainda dá tempo de reverter a situação climática? 

A pergunta de grande relevância surgiu durante o painel sobre Finanças de Conservação e Clima. A mesa contou com a participação de Luisa Moreira, Especialista em Gerenciamento de Projetos da USAID, Mariana Oliveira, Gerente do Programa de Florestas, Uso da Terra e Agricultura na WRI Brasil, e Dylan Rocha, Especialista Ambiental na Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, com a mediação de Fernando Campos, Gerente de Finanças de Conservação e Clima da Sitawi.

Uma das questões abordadas no painel foi a importância de colocar as pessoas no centro das discussões e soluções em prol da conservação da natureza. Luisa Moreira destacou a prioridade dada pela USAID a esse enfoque: “Temos diversos problemas para além do clima, não podemos deixar as pessoas de lado na conservação da natureza. O que é necessário para chegar na ponta? Ir além do carbono, que a população local esteja no centro das soluções”.

Mariana traz uma reflexão importante sobre transformações serem necessárias, mas que a transição é mais importante. “Precisamos de qualidade de vida até o campo, restauração é muito cara, precisamos mudar as pessoas, métricas, mudar os critérios e precisamos também da manutenção da democracia”, diz.

Impacto na Ponta 

“A primeira mesa não-branca é chamada de ‘Impacto na Ponta’, isso mostra quem é que sustenta tudo”, afirma Gelson Henrique, Diretor Executivo da Iniciativa PIPA, que atuou como mediador da mesa.

Este painel contou com a participação de Thux Nascimento, Diretora Executiva do PerifaConnection, Jussara Dantas, Fundadora e Diretora Comercial da Coopercuc, e Quilvilene Cunha, Diretora da ASMAMJ (Associação de Mulheres Agroextrativistas do Médio Juruá).

Quilvilene Cunha enfatizou a relevância das comunidades indígenas na proteção da natureza ao dizer: “Quem protege a natureza são os povos indígenas”. Além disso, ela destaca a percepção como líder no território do Médio Juruá, onde a sustentabilidade é construída coletivamente.

“Lá a gente trabalha em coletivo pelo objetivo em comum, pela melhoria da qualidade de vida. Comunidades tradicionais vivem a floresta. A gente preserva, não porque a gente precisa dela. Fazemos porque é nossa base”, destaca Quilvilene.

Ambas as empreendedoras, Jussara, Quilvilene e Thux ressaltaram os desafios de serem líderes mulheres e como isso pode inspirar e servir de exemplo para as jovens nas comunidades onde vivem. 

Jussara Dantas ressaltou que a presença feminina em lugares historicamente dominados por homens é um movimento transgressor e de muita luta.“Nossa trajetória é repleta por lutas sociais e culturais, em um contexto patriarcal onde os homens costumam dominar. Ser mãe, mulher, agricultora e dona de casa representa um desafio contínuo para nós, mulheres e líderes.”

 O que queremos para o amanhã? 

A dinâmica World Café reuniu diversos especialistas para discutir sobre diferentes temas como, Democracia, Futuro do Trabalho, Amazônia, Cidades e Habitações, Saúde integrada e muito mais, para polinização de ideias. Ao final, todos apresentaram o que foi discutido entre os participantes das 10 mesas. 

O Conexão Sitawi promoveu um espaço de compartilhamento de conhecimento e de boas práticas. O que queremos para o futuro é mais conexão e colaborações, permitindo que encontremos cada vez mais parcerias para impulsionar soluções inovadoras para promoção da mudança positiva que acreditamos. 

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