É possível ganhar dinheiro fazendo o bem – Empiricus

Por Natália Flach – Empiricus
 
Ao todo, são 9,5 milhões de pessoas que (sobre)vivem em situação de extrema pobreza no País, de acordo com dados mais recentes do Banco Mundial. Elas não têm suas necessidades minimamente atendidas e não sabem o que é bem-estar, muito menos oportunidades. Daí que a sétima economia do mundo aparece no vergonhoso 46º lugar do Índice de Progresso Social, que mede o avanço de 50 países.
 
Mas há personagens que tentam mudar os rumos dessa narrativa, como Fabio Carvalho, diretor da empresa de investimentos imobiliários Alianza. Ele foi um dos 34 milhões de brasileiros que fizeram doações recentemente e que somaram R$ 5,2 bilhões, em 2014, segundo um estudo da Childfund Brasil.
 
“Doo para projetos que conseguem demostrar o verdadeiro impacto do dinheiro arrecadado”, afrma Carvalho, que há anos
separa um percentual de seus rendimentos para dividir com pessoas carentes. Em breve, ele poderá analisar não apenas o
benefício social, mas também o retorno financeiro de suas contribuições. Isso porque a organização para qual ele contribui
deverá lançar o primeiro instrumento financeiro de impacto social do Brasil, conhecido lá fora por social impact bond.
 
Esse contrato pode remunerar os investidores caso as metas de impacto social acordadas entre o governo e a instituição emissora sejam devidamente cumpridas. A sua principal função, portanto, é solucionar problemas sociais ou melhorar a qualidade de serviços prestados às camadas mais frágeis da população.
 
Mas o que está por trás da decisão do investidor é, na realidade, o intuito de doar. Pense nesse eventual retorno (que pode ser zero, se o projeto não atingir as metas prometidas) apenas como um bônus. Não conte com ele!
 
O primeiro título de impacto social do país está sendo desenvolvido pela Sitawi Finanças do Bem e pelo governo do Ceará, e o objetivo é reduzir a internação de pacientes crônicos. “A ideia é que eles sejam atendidos parte do tempo em casa, onde se sentem mais confortáveis”, afirma Leonardo Letelier, presidente da organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) que gere sete fundos filantrópicos atualmente. Para isso, a Sitawi está levantando custos e procurando especialistas para ver qual é a melhor forma de fazer isso – e a mais em conta.
 
Suponha que um governo eleja um projeto e se proponha a pagar R$ 10 milhões para que ele seja realizado, e que uma ONG decida assumi-lo. Essa verba só será efetivamente paga pelo governo ao fim do processo, com a condição de que as metas sejam integralmente atingidas.
 
É nessa etapa que entram doações de pessoas físicas. São elas que vão financiar o projeto. Se ele obtiver sucesso, o governo fará o desembolso dos R$ 10 milhões. Isso quer dizer que, além de devolver os recursos doados pelos investidores, se a ONG conseguir implementar as ações a um preço menor que o orçado pelo governo, ela poderá entregar esse excedente também aos investidores. Seria uma espécie de “lucro”.
 

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