No mês de setembro, a equipe de Inteligência de Portfólio, responsável pelo acompanhamento de negócios pós-captação na plataforma, realizou visitas a alguns empreendimentos do portfólio no Pará: Ccampo, 100% Amazônia, Cofruta, Coopasmig e Sementes do Marajó. Essas visitas desempenham um papel crucial na área, proporcionando uma perspectiva única em comparação com as interações online.
Eu sou o Gabriel Cavalcante, analista de Investimento de Impacto na Sitawi, e vou contar um pouco da nossa jornada.
Ccampo
Nossa primeira parada nos levou a Santarém, onde tivemos o privilégio de visitar a Ccampo (Cooperativa Agrícola de Produtores do Oeste do Pará). Uma organização com uma nobre missão: fortalecer a agricultura familiar e conectar os consumidores aos ricos produtos regionais. Durante nossa visita, ficamos impressionados com a diversidade do seu portfólio, que abrange desde polpas de frutas nativas, como açaí, taperebá e muruci, até uma variedade incrível de produtos agrícolas, como acerola, abacaxi, cupuaçu, maracujá e goiaba. Além disso, a cooperativa também se dedica à produção de derivados da mandioca e oferece produtos frescos, como hortaliças diversas, bananas, melancias e jerimuns.
Fomos muito bem recebidos por Fábio, o Diretor Financeiro da Cooperativa, que já nos recebeu com um suco delicioso de abacaxi assim que chegamos. Essa pequena gentileza nos deu uma prévia da qualidade que encontramos na Ccampo. Vale destacar que a cooperativa é uma adição relativamente recente ao seu portfólio, e durante nossa visita, tivemos a oportunidade de conhecer a nova fábrica dedicada ao beneficiamento da mandioca e à produção de polpas de frutas. Além disso, aprofundamos nossa análise sobre a saúde financeira da cooperativa. Um dos principais propósitos da nossa visita foi compreender os desafios enfrentados pela Ccampo, a fim de oferecer uma assistência técnica em finanças mais precisa e alinhada com a sua situação atual.

100% Amazônia
A segunda parada foi na 100% Amazônia. A empresa possui um escritório em Belém, mas sua fábrica, conhecida como a “Fábrica da Floresta”, fica localizada a 45 minutos de Abaetetuba, que, por sua vez, está a uma hora de Belém. A 100% Amazônia é uma organização comercial exportadora de produtos florestais renováveis, incluindo óleos, manteigas e polpas. A organização atua na comercialização e exportação de mais de 50 produtos florestais não madeireiros renováveis, sendo que 90% dessa produção provém de matas nativas. Eles mantêm relacionamentos diretos com cooperativas, promovendo remuneração justa e eliminando intermediários. Além disso, a fábrica utiliza tecnologias avançadas para processar uma variedade de produtos da Amazônia.
A 100% Amazônia mantém relações com mais de 30 fornecedores, impactando diretamente cerca de 290 famílias em toda a região amazônica. Além disso, preserva mais de 140 mil hectares de floresta por meio da exploração sustentável de Produtos Florestais Não Madeireiros. Com isso, a empresa impulsiona a bioeconomia, alinhando inovação e tecnologia com saberes ancestrais para preservar a floresta amazônica. Durante nossa visita à fábrica, fomos recebidos por Giovanni, o diretor industrial, e Ruy, o gerente industrial.
Durante a visita, ficou evidente como a empresa se esforça para estabelecer parcerias diretas com cooperativas, assegurando remunerações justas e eliminando os chamados “atravessadores” (agentes de comercialização que atuam nas cadeias produtivas, como intermediários entre os produtores e os consumidores, que muitas vezes precarizam determinada cadeia produtiva ao comprar por um valor irrisório). Notavelmente, a escolha estratégica do local para construir a “Fábrica da Floresta” visava a proximidade com cooperativas da região de Abaetetuba/PA, fortalecendo ainda mais essas parcerias. Além disso, a abordagem tecnológica da fábrica é impressionante, com a incorporação de tecnologias avançadas no processamento de diversos produtos amazônicos.

Cofruta
Continuando a ‘tour’ pela Amazônia Paraense, dirigimo-nos à Cofruta, uma cooperativa de fruticultores sediada também em Abaetetuba, no Pará. A organização se destaca por sua oferta diversificada de produtos, que incluem açaí, cupuaçu, murumuru e outros, distribuídos em segmentos como in natura, polpas, geleias, sucos, xaropes, doces e sementes. O mais notável é o compromisso da cooperativa com seus mais de 105 cooperados na região, pagando preços justos e acima do mercado, eliminando intermediários e contribuindo para o desenvolvimento da comunidade local.
Outro aspecto que chamou nossa atenção é o compromisso da Cofruta com a implementação de Sistemas Agroflorestais (SAFs), uma prática que permite o cultivo de alimentos, e outros produtos, mantendo a saúde dos ecossistemas e promovendo a resiliência agrícola. Tivemos a oportunidade de visitar a propriedade de um cooperado chamado Elias, que nos mostrou sua área de cerca de 5 hectares, onde foi implementado o SAF.

Coopasmig
Na semana seguinte da viagem, deslocamo-nos até a Coopasmig, uma cooperativa de agricultores familiares e agroextrativistas situada em São Miguel do Guamá, no nordeste do Pará, a quatro horas de carro de Belém. A cooperativa, que conta com 120 cooperados, tem na mandioca e seus derivados o centro de suas atividades. Além disso, comercializa uma variedade de produtos agroextrativistas, como tucumã, açaí e cupuaçu, bem como frutas e hortaliças. No final de 2022, a organização captou investimentos junto com a SItawi para a construção de uma fábrica de beneficiamento de mandioca, com as obras em pleno andamento, a previsão de inauguração estápara o final de 2023.
Nos últimos nove meses, tenho acompanhado de perto as atividades da Coopasmig e mantido diversas reuniões virtuais com Maria do Espírito Santo, a presidente da cooperativa. Minha admiração por ela já era considerável, mas conhecê-la pessoalmente durante esta viagem representou um dos momentos mais emocionantes dessa jornada para mim. Maria é uma verdadeira força e líder incansável, que desempenha com maestria seu papel na presidência da cooperativa e como defensora de sua comunidade.
Ao chegarmos em São Miguel do Guamá, notamos, desde o princípio, que a paisagem se transformava: uma cidade mais quente, estradas rodeadas por pastagens e grandes fazendas, um quadro completamente distinto do que vimos em Abaetetuba, no sul do Pará. Enquanto o agronegócio avança pelo nordeste do Pará, muitas vezes associado ao desmatamento, a Coopasmig, sob a liderança de Maria, resplandece como um farol de resistência e renovação.

Sementes do Marajó
Finalizamos a viagem visitando a cooperativa Sementes do Marajó, na cidade de Curralinho. Conhecemos rapidamente o escritório, onde são realizadas as atividades administrativas, e depois passamos o dia no barco da cooperativa acompanhando os cooperados na coleta do açaí em diversas localidades da comunidade ribeirinha de Curralinho. Nos acompanhou o presidente da Sementes, Carlos Baratinha, uma pessoa genial e referência em toda a comunidade.
A locomoção nessa região é feita principalmente por vias fluviais. Foi muito enriquecedora a experiência de passar um dia no barco da cooperativa, parando em vários pequenos terrenos de cultivo de açaí e abastecendo-o com toneladas do fruto. Durante essa experiência, tivemos a oportunidade de conversar com diversos cooperados, ouvir suas histórias e observar sua rotina, absorvendo muito os ensinamentos sobre preservação local, sobre a importância do açaí, não só como fonte principal de renda da região, mas como alimento essencial na dieta nutritiva dos ribeirinhos, e conhecer a linda região do ponto de vista do rio, dentro do barco tão querido – o “Fruto da Fé”.

Com essa visita conhecemos de perto o impacto de algumas organizações que captaram com a Plataforma Sitawi. Você pode conhecer mais negócios incríveis como estes, acessando o nosso portfólio!