O Bolsa de Mulher é o maior grupo de comunicação feminina da internet brasileira, possuindo mais de 6 milhões de usuárias cadastradas em sua rede. O portal conversou com Leonardo Letelier para uma matéria sobre empreendedorismo sustenstável.
Leia o texto da matéria abaixo:
Empreendedorismo sustentável
Para Marcos Vaz, gerente em sustentabilidade da Natura, que também integra o ISE, a mobilização das empresas com a sociedade é que pode dar resultados sólidos e de longo prazo. “Acreditamos na importância da mobilização da sociedade civil para a criação de um ambiente de empreendedorismo sustentável. É fundamental desenvolver um modelo que consiga sincronizar o crescimento econômico, o desenvolvimento social e o uso racional dos recursos naturais”, afirma.
Nesta linha, o mercado tem tido que correr atrás para se adaptar às novas exigências e criar alternativas para atender a nova demanda, sem perder o foco empresarial. É o que propõe o engenheiro Leonardo Letelier. Com experiência em consultoria estratégica, Leonardo fundou a Sitawi, um fundo que financia organizações sociais que geram receita própria através de empréstimos com taxa de juros bem abaixo do mercado.
“A ideia surgiu quando percebi que só capital não resolvia. Aconselhamento apenas também não era o suficiente. A estratégia foi unir capital com aconselhamento estratégico para fomentar essas organizações”, explica o presidente e CEO do fundo. “Entendemos que existia muito mais dinheiro no mercado de crédito do que no mercado de doações. Se o crédito estivesse disponível para as ONGs teria muito mais impacto social.”
A iniciativa da Sitawi consiste em captar fundos junto a empresas dispostas a investir em projetos sociambientais e realizar o que Letelier batiza de Empréstimo Social. Sem fins lucrativos, o objetivo do fundo, de acordo com o CEO, é potencializar o impacto social e apresentar às empresas uma forma segura de investir em sustentabilidade.
“O nosso foco é ter impacto social com mentalidade empresarial e planejamento estratégico“, resume o fundador da Sitawi, que ressalta a capacidade cada vez maior do consumidor de distinguir os reais usos dos investimentos: “Esse segmento tem evoluído pela pressão dos consumidores, que estão mais espertos em identificar o que é discurso e o que é prática. É como uma onda: primeiro vem a espuma na qual todos se movem, mas quando a espuma desaparece é que surgem os projetos mais maduros e realmente sustentáveis”.
Inovações no Terceiro Setor
Da mesma forma que o mercado teve de se readaptar, o Terceiro Setor – organizações sem fins lucrativos e não governamentais, que têm como objetivo gerar serviços de caráter público – também precisou incorporar a linguagem empresarial para dar segurança aos aportes financeiros dos investidores, como explica Emilio Andreozzi, gestor da ONG Caspiedade, de São Paulo: “O Terceiro Setor está passando por uma profissionalização. Até os temas utilizados vêm do mundo profissional, garantindo maior credibilidade para as organizações e adquirindo uma linguagem muito mais próxima à do Segundo Setor”.
Andreozzi acrescenta que a cobrança corporativa também passou a refletir nas organizações. A busca por resultados, ou seja, uma mudança efetiva através dos projetos de sustentabilidade, levou o Terceiro Setor a sair de um aspecto teórico para trazer para os números os avanços na questão socioambiental. “Com um linguajar mais próximo, a cobrança também é empresarial. Para uma ONG funcionar hoje tem que investir em prestação de contas. Já é crescente o número de empresas que procuram o Terceiro Setor para ajuda em consultoria dos seus próprios projetos sociais e buscar parcerias também”, pontua.
Através dos meios de comunicação e também dos indicadores do mercado, segundo Andreozzi, a sociedade tem conseguido, ainda que timidamente, transformar a mentalidade empresarial e tirar o aspecto social do caráter de caridade para uma mudança efetiva dos indicadores sociais nas áreas onde atuam. “Faz bem para a economia essa pressão do capital, pois impulsiona projetos de sustentabilidade e o desenvolvimento de tecnologias para o futuro. Não é só ideologia”, conclui o investidor Carlos Martins.
Fonte: Site Bolsa de Mulher – http://www.bolsademulher.com