Os governos desempenham um papel de liderança no financiamento da biodiversidade, mas sozinhos não são o bastante. Para isso, precisamos de todos. Não apenas de um redirecionamento dos recursos já existentes ou de um único setor, mas de estratégias combinadas e de recursos adicionais.
E o setor privado? O capital filantrópico? Ambos ainda não são suficientes para suprir esse financiamento sozinhos, mas podem ser utilizados em estratégias combinadas. Para financiar a conservação da biodiversidade de forma ampla e diversa, é preciso criar diferentes mecanismos, mesclando recursos de diversas origens.
O financiamento misto como solução para a conservação
Uma vez que a combinação de recursos é mais efetiva, entra em cena o blended finance. Nessa estratégia, recursos de diferentes origens podem ser combinados para beneficiar uma causa. No caso da conservação da biodiversidade, ele é extremamente positivo e considerado fundamental no desenho de soluções financeiras.
Estes recursos podem surgir nos setores de origem governamental, do setor privado e da filantropia. Confira abaixo como se dá a participação de cada um no financiamento da biodiversidade:
- Governos: O financiamento de origem governamental pode ainda se dividir em nacional e internacional. Ele é feito por meio de agências ou instituições financeiras públicas para apoiar a busca de objetivos de conservação da biodiversidade. Enquanto o governo nacional aloca direta ou indiretamente o financiamento dos orçamentos públicos nacionais, o governo internacional realiza doações ou o financiamento fornecendo taxas ou termos de juros concessionais.
No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) é a peça do Governo Federal que atua na área ambiental. Entre as ações realizadas pelo MMA, estão a redução do lixo na natureza e da emissão de gases na atmosfera, além da promoção do turismo ecológico.
Entre as iniciativas está o Programa Parque+, que incrementa a prática do ecoturismo em Unidades de Conservação da Natureza e seu entorno e fortalece as Unidades de Conservação como espaços de lazer e desenvolvimento socioeconômico sob bases sustentáveis. Mas a atuação dos governos ainda pode – e deve – ser ainda mais abrangente para beneficiar a conservação. - Setor privado: Neste setor são utilizados mecanismos de investimento voluntário como títulos verdes ou títulos de impacto ambiental, por exemplo. Eles também podem ser impulsionados por regulamentações de políticas nacionais ou internacionais, como compensações de biodiversidade e mercados de carbono regulados, entre outros.
No Brasil, até 2021, o setor privado já contribuiu com a proteção de 22,6 milhões de hectares através da iniciativa 20×20, uma parceria entre países latino-americanos com o objetivo de conservar e restaurar a natureza. As áreas de atuação da iniciativa incluem desmatamento evitado, agricultura sustentável, restauração, reflorestamento e silvicultura com espécies nativas.
Esses dados evidenciam o quão importante é a participação do setor privado no combate às mudanças climáticas e na redução da perda global de biodiversidade. - Filantropia: O capital filantrópico pode financiar a conservação da biodiversidade através de contribuições de fundações privadas, fundações ou institutos corporativos e ONGs. Neste setor, o capital semente e a aceleração de recursos são pontos fortes.
Em 2020, de acordo com o jornal britânico The Guardian, a conservação ambiental recebeu um recorde de doações. Nove organizações se uniram para apoiar a criação, expansão, gestão e monitoramento de áreas de terras protegidas e conservadas, águas interiores (mares completamente fechados, lagos e rios e águas no interior da linha de base do mar territorial) e mar. Esse foi o maior compromisso de financiamento privado já feito para a conservação da biodiversidade. O esperado é que esses esforços se repliquem em outras partes do mundo, pelo bem da conservação e por um futuro mais sustentável.
Cada origem de recursos apresenta qualidades e desafios, mas a combinação dessas origens é capaz de gerar soluções financeiras mais saudáveis.
Ficou interessado e quer saber mais ainda sobre essas combinações? Baixe o nosso mapeamento “Soluções financeiras para a conservação da natureza“.